Após um modesto café da manhã com bolachas, chá e algumas frutas (é um problema não consumir sequer laticínios na Itália, onde o café da manhã tradicional é um cappuccino com um croissant doce), e um papo com uma freira italiana idosa que vivera em São Paulo por muitos anos, parti.
Caminhei poucos quilômetros e, ainda no centro histórico de Spello, trombei com um grupo de peregrinos organizado pelo escritor americano Sandy Brown, autor do livro sobre a Via di Francesco que eu estava utilizando como guia. Já era a segunda ou terceira vez que cruzávamos pelo caminho. Ao que tudo indicava, éramos os únicos que realizavam aquele trecho naquele dia.
Se antes já havia poucos peregrinos pelo caminho, o último percurso de 14 dias de Assis até Roma era ainda mais solitário. Primeiro, porque a maioria encerra a caminhada em Assis. Segundo, porque as férias de verão na Europa já tinham acabado.
Senti falta daqueles que eu conheci nas etapas anteriores. Vez ou outra sempre encontrava com um ou outro nas cidades em que chegava, no final do dia. Agora, parecia que apenas eu fazia a saga de Florença a Roma sozinha.
Naquele dia a caminhada contou com um longo trecho em área urbana, passando pela cidade de Foligno, onde alguns peregrinos optam por passar a noite.
Segui adiante rumo a Trevi. Após entrar na área rural, aos poucos notei a cidade lá longe, no topo da colina, ficando cada vez mais próxima — o que me deixava cansada só de pensar na subida que me aguardava até lá.
Naquela noite eu não consegui reservar uma hospedagem no centro histórico. Quando venci a montanha e finalmente cheguei à praça principal — como muitas, composta por uma igreja e uma torre —, liguei para o anfitrião do B&B que me buscaria de carro, pois ficava a poucos quilômetros dali. Que alegria foi vê-lo se aproximando e sentar confortavelmente no banco do passageiro de um carro. Estava bom de andar por aquele dia. Na manhã seguinte teria mais.
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