Depois de passar um dia “descansando” em La Verna, era hora de voltar a caminhar. Ainda havia muito pela frente: cerca de 450 quilômetros até Roma.
La Verna, na verdade, é o ponto de partida da maioria dos peregrinos da Via di Francesco. Resolvi começar cerca de 100 quilômetros antes, em Florença, porque segui a rota do livro “The Way of Saint Francis”, do escritor Sandy Brown (que inesperadamente conheci em La Verna, como contei no post do sétimo dia).
Naquela manhã, então, comecei o trecho mais popular, pois muitos peregrinos fazem apenas o percurso de oito dias entre La Verna e Assis – de onde eu ainda seguiria mais duas semanas até Roma. Todos se impressionavam quando eu dizia de onde vinha e para onde ia. “Vai até Roma?”, surpreendiam-se. Orgulhosamente eu respondia que sim, e que havia começado em Florença!
No meio da caminhada daquele oitavo dia, cruzei com duas italianas na casa de seus 50 anos que conheci no Santuário, Daniella e Alina. Descobrimos que dormiríamos no mesmo lugar naquela noite, o Eremo de Cerbaiolo. O mosteiro foi construído no Século VIII para os monges beneditinos, mas foi doado a São Francisco em 1216.
Nossos planos de dormir lá mudaram depois de sermos informadas que o local estava sem água. Um voluntário italiano nos deu carona até uma agradável casinha de campo nos arredores, onde passaríamos a noite em substituição. Depois, ele nos levou para conhecer o mosteiro, habitado por um padre asceta, o Dom Claudio.
Na volta, nós três seguimos a pé até a casa onde dormiríamos. Foi um momento esplêndido. Um um belíssimo pôr do sol nos acompanhou e criei um forte laço com Daniella. Apesar de uma forte dor nos rins, ela fazia o caminho para celebrar que, finalmente, moraria perto da filha, um marco em sua vida.
Aproveitei sua abertura e lhe contei parte da minha história. Revelei meu histórico de câncer e disse que, há um ano, jamais imaginaria fazer uma viagem daquelas. Eu também estava ali em celebração, afinal.
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