Silvia e Donato me apressaram pela manhã, ansiosos pelos 30 quilômetros de caminhada que nos aguardavam naquele dia. Engoli minhas bananas amassadas com aveia e castanhas e saímos por volta das 7h.
Após o temporal da véspera, deixamos Città di Castello sob uma neblina que anunciava um dia ensolarado. Um tempo depois, foi lindo ver o sol aparecer entre as nuvens esparsas no céu.
Mal deixamos a cidade e percebi que não seria apenas no café da manhã que meus companheiros me puxariam. Magrinhos e ágeis, caminhavam bem mais rápido que eu, e precisei me concentrar para não atrasá-los.
Fiquei impressionada quando, às 9h, já tínhamos caminhado 20 quilômetros. Isso aconteceu quando estávamos numa íngreme subida que não acabava nunca, hora em que desisti de acompanhá-los. Reduzi o passo até que viraram dois pontinhos lá na frente e desaparecerem numa curva.
Eu gostava de caminhar sozinha, na verdade. Tinha tempo para fazer minhas fotos e refletir comigo mesma. Eu já estava nesse ritmo há quase duas semanas e me acostumara com minha própria companhia.
Às 13h, cheguei a Pieve di Saddi, um pequeno vilarejo rural onde há um albergue para os que não desejem percorrer os 10 quilômetros finais até Pietralunga dormirem. Lá encontrei Silvia e Donato e almoçamos os alimentos que compramos em Città di Castello: pães, tomates, rúcula e frutas (e queijo para eles).
De lá, eu e Donato ainda tínhamos mais 10 quilômetros pela frente. Silvia optou por ficar no albergue. Ele seguiu na frente e levei cerca de 3 horas para chegar a Pietralunga. Naquela noite, dormiríamos num albergue aos fundos da paróquia da comune.
Saí para dar uma volta e, na praça, encontrei Charlotte, a holandesa que conheci nos primeiro dias, tomando um vinho. Que belíssimo encontro! Os laços feitos pelo caminho são realmente muito fortes, e nos abraçamos como grandes amigas e confidentes.
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